5 de julho de 2008

Contraluz


Acordei com sabor a peixe podre no paladar
e dor múltipla nos sentidos.
O último pesadelo nascera no coração,
na náusea que semeava
a hora perdida de sonhar.
Eram noites de arcanos que vencer
mas a luz abria passos entre as trevas
prendidas ao azar,
e o amor resplandecia intacto.
Eu sabia do tempo de aguardar
as linhas femininas
sob as túnicas povoadas
no erótico fervor
dos noviciados.

Ah, os versos velhos de Teerão!
Sabia em Xerazade reconduzir
as carícias dispersas até a pele
com a mestria de um anjo púrpura,
procurar na festa contraluz ,
acariciar as tuas coxas imberbes
e no teu peito a rosa,
saciar no teu sexo a sede do meu sexo
e unir os paraísos de amantes sacros
enquanto pronuncio o teu nome segundo
em clímax prospectivos de esplendor.


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