Caminham pelas ruas. Eu quero estar na casa. Saio por dizer que já chegamos e nem chego. Lembro como beijamos na rua cada pedra e foi nossa perto dos sorrisos a espera da alegria que de longe aguarda no teu olhar sem mim e no meu olhar sem ti, para o tempo que dormem as mouras, para as saudades todas dos poetas sobre a carne. Se algum dia houve ruas foi nesta dor, naquele tempo.
Como chegam os quartos de aguardar até nós e ficas em silêncio e deixo o tempo a ocupar apenas um bocado mais de tempo, e as luzes tenras a calar e fechar portas que ainda estavam e os anos que passaram sem passar, pelas penas das nossas tristes asas. Anjo de cor, leve e antiga borboleta nos espaços da pedra universal a tornar as salas da lembrança na saudade de vida que me abraça.
Voltamos ao lar e acendemos o lume, junto a nós forneou-se o tempo da paz e as lágrimas foram palavras sem fume, cantos de mundo em beijos de ar. A Terra Verde achega outro sonho, cheira a outono e volta o cantar, os silêncios falam de madeira velha que brinca com ritmo de infância no val.
Caem as landras e prometem tempo novo, frio esforço de terra a dormir, céus de chumbo, aparente é a morte, mas a Mae prepara já um lar novo e temos o sono por sonhar.
Fragmento em rostos e em momentos cada uma das histórias e a vida sem palavras passa e fica o chumbo, um céu cinzento a navegar memórias novas e a pele que se torna, por silêncios, dor de noite, enquanto os ecos podem dizer que ninguém nunca me amou tanto como me amas-te tu.
É olhar ao longe e tempo ao Sul, mais um, assim, mais um para a contagem longa dos passados e os saberes velhos sobre abraços que também se perdem, e a pegada triste no leito cada noite de quem já está no livro dos amores em página fechada e sal ao mar, assim, mais um em rosto roto de olhar a cor, falso silêncio e, ao fim, o tempo de ficar .
Voavam passaros de morte e chegava Lugh, amigo logo, meu amigo de capa preta e sorte ao vento. O som das fragas velhas ecoava e se amavam as cores para ascender nos astros e para que na terra as águas fossem olhos de ti. Voltavas com a força de um heroi e o peito nu e as espadas a doer na marca triste, a estirpe dos homens do caminho, mas o canto verde feito carne na luz dos futuros e as palavras, filho novo em ascensos ao infinito.
Desenho-te e nasce uma banana. Proibes a cor e o amarelo ri desde os pés ao cabelo. Bebes nuvens e tatuas-me no fume das palavras, e queres brincar ponte em primaveras, golfinhos e rios violeta, viagens entre os cosmos e o silêncio.
Voltamos à Ilha quando volta o Outono com saudade do futuro por chegar e desejos de lume, lar, castanhas, peles num abraço de asa e ar e sonhos de novo santuário, e esperas ainda por sonhar... A Terra Verde é amarela canto e filhos por amar.