A vida tem jeitos estranhos,
do ansioso fruto à sementeira,
procurando sonhos nas fronteiras
das cores em tempo e borboletas
de som.
Jeitos de final em infinito,
tempos baldios em cantatas,
silêncios de lume nas entranhas,
palavras ocultas na palavra
do amor.
Do eros ao ágape, uma flor.
31 de março de 2008
30 de março de 2008
29 de março de 2008
28 de março de 2008
De almas
Odor salgado e profundos tempos,
saudade do cálice,
da água,
da pureza toda até o infinito,
de cada humanidade
até as infâncias
do húmus,
do húmus sempre,
até o púbere saúdo
das lembranças.
Sabor vazio das esferas ocas,
do sem-sentir ao sonho,
do animal à calma;
viver para o desejo
sem colocar espíritos
em vertical espera,
com o leito tendido
às alvas oceânicas.
E ser para não ser,
existir sem caminho,
perder-se nos mercados
da carne sem entranha,
esvaziar o caudal
em dor que não tem sombra,
em sombra sem lamento,
em carícia sem alma.
saudade do cálice,
da água,
da pureza toda até o infinito,
de cada humanidade
até as infâncias
do húmus,
do húmus sempre,
até o púbere saúdo
das lembranças.
Sabor vazio das esferas ocas,
do sem-sentir ao sonho,
do animal à calma;
viver para o desejo
sem colocar espíritos
em vertical espera,
com o leito tendido
às alvas oceânicas.
E ser para não ser,
existir sem caminho,
perder-se nos mercados
da carne sem entranha,
esvaziar o caudal
em dor que não tem sombra,
em sombra sem lamento,
em carícia sem alma.
27 de março de 2008
De silêncios...
26 de março de 2008
25 de março de 2008
Cantigas (Para Luis Manoel)
Cantigas de lenta primavera.
Cantar em si menor o som de esferas,
voltar às infâncias
de sol e chuva
pelo caminho irisado
do céu azul
e o pão Brasil de doce encanto.
E retomar a voz de insectos velhos,
a joaninha que cosia perspectivas de amor
e um sonho maior
além do tempo
e remeter a vida do sorriso
à voz do sol
salto de sinos
e borboleta nova de asas douradas...
para voar ao mundo dos segredos velhos,
tactos das idades longínquas
e dos desejos.
Cantar em si menor o som de esferas,
voltar às infâncias
de sol e chuva
pelo caminho irisado
do céu azul
e o pão Brasil de doce encanto.
E retomar a voz de insectos velhos,
a joaninha que cosia perspectivas de amor
e um sonho maior
além do tempo
e remeter a vida do sorriso
à voz do sol
salto de sinos
e borboleta nova de asas douradas...
para voar ao mundo dos segredos velhos,
tactos das idades longínquas
e dos desejos.
Viver (para Maribel)
Viver entre o verde das florestas;
das florestas todas ao infinito
estender
camélias astrais,
vitórias régias,
loureiro aquático,
sinestesias
com pétalas rosadas,
e ternuras azuis,
e som de rios.
Cósmica luz de tempos idos,
espaços possíveis
e silêncios de fada silandeira;
com sabor a erva,
alimentar
o tempo de Narciso, de Eco,
em primavera.
das florestas todas ao infinito
estender
camélias astrais,
vitórias régias,
loureiro aquático,
sinestesias
com pétalas rosadas,
e ternuras azuis,
e som de rios.
Cósmica luz de tempos idos,
espaços possíveis
e silêncios de fada silandeira;
com sabor a erva,
alimentar
o tempo de Narciso, de Eco,
em primavera.
Água na água
23 de março de 2008
22 de março de 2008
Desde o alto
21 de março de 2008
19 de março de 2008
Caminhos trás o cristal
Trás o cristal da noite,
acordaram os caminhos.
Estava o novo eu
estava o novo tu
atrás o vidro...
e os caminhos.
O negro e o branco,
no encontro dos mundos
abraçados ao não sei.
Agora vou em solidão,
na solidão velha amiga,
e os sorrisos nascem da vereda,
por detrás do vidro fiandeiro
que divide
o teu caminho,
o meu caminho
a mesma luz em possíveis esplendores
de tempo e palavras,
de sentidos
e de vozes
que dizem
de passos para o leste,
alí onde o nirvana vive.
18 de março de 2008
Portas
17 de março de 2008
Luz
16 de março de 2008
Pegadas
Há pegadas que ficam
e voltam
quando a fada dos tempos o permite,
num faro de olhos tristes
e palavras estranhas.
Pegadas que se adestram
no profundo tormento
das saudades
e levam o dia até os extremos
do túnel da memória.
Leves asas azuis das borboletas velhas,
cor das mais tenras pétalas
nos quartos da tarde.
Lembrança de silêncio,
desejo de outra noite,
longa espera de amores,
e sol-pôr de sol pores
junto a ti.
e voltam
quando a fada dos tempos o permite,
num faro de olhos tristes
e palavras estranhas.
Pegadas que se adestram
no profundo tormento
das saudades
e levam o dia até os extremos
do túnel da memória.
Leves asas azuis das borboletas velhas,
cor das mais tenras pétalas
nos quartos da tarde.
Lembrança de silêncio,
desejo de outra noite,
longa espera de amores,
e sol-pôr de sol pores
junto a ti.
14 de março de 2008
Música
Ter o ritmo de sons primogénitos,
linha de poesia no tempo.
Quadrar a harmonia
em sinfonias de água,
em violinos térreos ao infinito
e vibrar em Veneza com Vivaldi,
e ter em Guatavita a ópera prima dos silêncios,
e tender no Rim o lamento breve de Lorelai
com força de Nibelungo
e escutar na noite de Paris
a obertura do Sena
sob a ponte Mirabeu,
ou o allegro das fervenças de Codeso
a descer ternuras.
Música dos nomes com esperas,
enlaçando canções de meio-dia
em corações partidos,
em rios, em mares bravos,
no sensual amor de noites longas.
Maré de histórias novas
na corda,
na semente
das esferas.
linha de poesia no tempo.
Quadrar a harmonia
em sinfonias de água,
em violinos térreos ao infinito
e vibrar em Veneza com Vivaldi,
e ter em Guatavita a ópera prima dos silêncios,
e tender no Rim o lamento breve de Lorelai
com força de Nibelungo
e escutar na noite de Paris
a obertura do Sena
sob a ponte Mirabeu,
ou o allegro das fervenças de Codeso
a descer ternuras.
Música dos nomes com esperas,
enlaçando canções de meio-dia
em corações partidos,
em rios, em mares bravos,
no sensual amor de noites longas.
Maré de histórias novas
na corda,
na semente
das esferas.
13 de março de 2008
Perfil
12 de março de 2008
Peregrinos
Semeavas beijos na doce Compostela,
peregrino de leves esperanças,
com os braços ao vento
e os olhares ao infinito
dalgum fractal inédito e possível.
Na tarde alçada entre os namoros,
abrochava a flor de caminhantes
com verso abraçado
à árvore extensa das delícias...
e uma nave na alma da ternura
desde o adeus longo, talvez triste,
daquele gaudio velho, de olhar livre...
pardo, em cantos reiterados
dizia eterno passo na carícia...
Onde vai o meu romeiro,
meu romeiro onde irá...
caminho de Compostela
nem sei se lá chegará...
peregrino de leves esperanças,
com os braços ao vento
e os olhares ao infinito
dalgum fractal inédito e possível.
Na tarde alçada entre os namoros,
abrochava a flor de caminhantes
com verso abraçado
à árvore extensa das delícias...
e uma nave na alma da ternura
desde o adeus longo, talvez triste,
daquele gaudio velho, de olhar livre...
pardo, em cantos reiterados
dizia eterno passo na carícia...
Onde vai o meu romeiro,
meu romeiro onde irá...
caminho de Compostela
nem sei se lá chegará...
11 de março de 2008
9 de março de 2008
Tecto (Para Laura, para Mariana, para Alfonso, Alfredo, para Néstor, para os que nascem de luz na aurora)
Há tectos sobre moradas
e moradas sob o tecto
e moradas sob o tecto
e moradores de sonhos
que procuram o silêncio
das estrelas e da lua
nalguma noite de inverno
e, com telhado de luzes,
enfrentam o som dos tempos
e conhecem as esferas
nos olhares do universo.
São os que saem para o campo
e despem corpos de feno
ante o frio dos regatos
para vencer algum medo.
E nascem de luz na aurora,
dos mais formosos desejos,
de sofreres e de gozos
e de puros sentimentos.
São almas de caminhante
com o peito descoberto
que temem, choram, resistem
e cantam o antigo verbo
dos herois e as margaridas
sempre com braços abertos.
8 de março de 2008
Mãos (para ti)
Tender as mãos ao vento,
e as linhas do infinito
faze-las possíveis
cantando palavras sem remédio
quando chegam as tardes
e o sol-pôr
torna o sorriso de horizontes
e a esperança
brisa morna e paraíso.
Ser simples aves
que cantavam
a sinfonia do amor
desde uma rama
e tornavam o amor
razão possível
das razões todas,
e o verbo, beijo
das cores misturadas,
intermináveis,
no calor do abraço,
no esperado instante
do passo livre
e da ternura imensa
nos sentidos.
7 de março de 2008
Texturas
6 de março de 2008
Refúgios
Não tinha portas.
A casa não tinha portas,
nem o coração,
nem os abraços
nem as cartas,
nem a linha do amor
trás da montanha,
nem o sol-pôr,
nem a alvorada.
Adentro entrava o frio,
e o canto das aves,
e a dor do vento entrava,
e o abraço do sol
e a chuva mais triste
e a palavra mais cálida
entravam.
Não tinha portas.
A casa.
5 de março de 2008
Fechaduras verdes
Compreender o tempo
e as palavras
e a vida de sonhos
e os caminhos
e a dor dos beijos
que secavam os lábios
como o vento
dos desertos todos.
Compreender,
partilhar
do outro lado do espelho,
voltar às esferas frias
e repensar a vida de momentos,
sem lágrimas,
com as raízes volteadas
a um céu cheinho de estrelas
e desejos.
Voltar à paz dos lugares formosos,
aos singelos passos do caminho
e reter duas horas
no eco das distâncias.
Quero mirar os teus olhos
por lembra-los
e tender futuros
que não tenho
e sentir as gaivotas
na tua fronte
e as palavras errantes
no silêncio.
Abrir as portas
e as janelas,
aspirar odores
e sendeiros,
desvelar os cândidos amores
que regala a vida
entre os momentos.
Amar passados que não foram,
pisar os lânguidos pretextos
e esperar as luzes
quando cheguem
e fazer lugar no odor da erva
para abrir-te um oco
na memória,
para fechar em verde
o teu recanto.
e as palavras
e a vida de sonhos
e os caminhos
e a dor dos beijos
que secavam os lábios
como o vento
dos desertos todos.
Compreender,
partilhar
do outro lado do espelho,
voltar às esferas frias
e repensar a vida de momentos,
sem lágrimas,
com as raízes volteadas
a um céu cheinho de estrelas
e desejos.
Voltar à paz dos lugares formosos,
aos singelos passos do caminho
e reter duas horas
no eco das distâncias.
Quero mirar os teus olhos
por lembra-los
e tender futuros
que não tenho
e sentir as gaivotas
na tua fronte
e as palavras errantes
no silêncio.
Abrir as portas
e as janelas,
aspirar odores
e sendeiros,
desvelar os cândidos amores
que regala a vida
entre os momentos.
Amar passados que não foram,
pisar os lânguidos pretextos
e esperar as luzes
quando cheguem
e fazer lugar no odor da erva
para abrir-te um oco
na memória,
para fechar em verde
o teu recanto.
4 de março de 2008
O tempo nas mãos
e na palavra
de ria a ria.
Odor a mar de infância,
odor de infinitos claudicados
sob as cordas do arco-íris
e um seixo no peto.
Voltar à magia das gaivotas
e tingir os olhos de sal verde,
de escuma no ritmo das vagas
lentamente, escutar e dizer canções
de adentro.
Meu querido, tu eras água,
eu era terra.
Tinhas o céu à tua espera
para além das montanhas.
Regatos que não ficam tornam nuvem,
choverão algum dia,
quiçá sobre a côdea do húmus
deitem pingas breves
que não bastam,
quiçá para então haja seca
e a terra, quarteada, não absorva
o teu espírito,
quiçá outros rios te rejeitem
ou a orografia proíba o teu percurso
e fiques poça apenas.
Tinhas a opção do mais cálido frio
para chegar ao mar em percurso,
em som, em ritmo solidário,
em companhia,
ou estava o instante do sol,
a força, a glória, a tangente vencida,
o ouro alto e o rápido voo da nuvem.
Eram céu ou terra
e prometias rio...
3 de março de 2008
Terra
Dor de seca permanecida,
de incêndio outro,
devastada floresta de ilusões iludas
em tempo de estio.
Chegou o dia da chuva.
Não há erva,
não há árvores,
não há terra.
A rocha, a rocha mãe,
sustenta uma vida estranha.
A devastação dos sonhos.
A ânsia impossível dos amores,
do húmus perdido que não chora.
Saudade da pena, sob o tempo,
saudade da lágrima ardente,
saudade das raízes e das ervas,
da clara lentidão daquele insecto.
E a pedra tenra
e o silêncio.
de incêndio outro,
devastada floresta de ilusões iludas
em tempo de estio.
Chegou o dia da chuva.
Não há erva,
não há árvores,
não há terra.
A rocha, a rocha mãe,
sustenta uma vida estranha.
A devastação dos sonhos.
A ânsia impossível dos amores,
do húmus perdido que não chora.
Saudade da pena, sob o tempo,
saudade da lágrima ardente,
saudade das raízes e das ervas,
da clara lentidão daquele insecto.
E a pedra tenra
e o silêncio.
2 de março de 2008
Baixo as águas
1 de março de 2008
No canto do fim do mundo (Para Laura)
Há milagres. Eu sei.
Num ocaso do fim do mundo cantava um peregrino e o mar se detinha na pena da saudade.
Para a terra de Tir nan Og partiam naves e a canção era o único tempo de sonhar entre a luz e sol-pôr.
Há milagres. Aprendi, escutando uma canção, à beira-mar do final do caminho, quando era Outono e a tua palavra guardava as últimas luzes para voltar.
Há milagres. Senão, como semeia o vento sem trabalhar a terra, sem percorrer oceanos?
Mas o milagre da alegria. O brilho dos olhos. O som do amor em tempos de gozo...
Há milagres... construídos no oco das mãos e no sorriso.
Num ocaso do fim do mundo cantava um peregrino e o mar se detinha na pena da saudade.
Para a terra de Tir nan Og partiam naves e a canção era o único tempo de sonhar entre a luz e sol-pôr.
Há milagres. Aprendi, escutando uma canção, à beira-mar do final do caminho, quando era Outono e a tua palavra guardava as últimas luzes para voltar.
Há milagres. Senão, como semeia o vento sem trabalhar a terra, sem percorrer oceanos?
Mas o milagre da alegria. O brilho dos olhos. O som do amor em tempos de gozo...
Há milagres... construídos no oco das mãos e no sorriso.
Subscrever:
Mensagens (Atom)