31 de agosto de 2008

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Onde habitam os rios salgados...

Para Xacobe, que arribou na noite do Cantábrico à terra de Lorelei

Sentir frio sem frio,
ângulos abertos
no tempo rígido da lousa.
A fé do alento
que chega desde a água
ergue vapor de fada pura
no inferno branco que dizias
quando a luz duvidosa do quiçá
ao longe enfiava sonhos
e voava costa onírica
em prazer.
O último céu dança com morcegos
e caminha sobre a onda
até ilhas impossíveis
que inexistirão
no mesmo instante
no que o carro acenda,
quando o conta-quilómetros
ponha muro a esta ilusão
e nos deixe atrás,
perdidos pilotos que ficaremos
na voz da noitinha,
no som gozoso
onde se funde
o espaço hemisférico da magia,
onde se rende o tempo
à beira-mar.

Cenários

Foto de Xacobe Sineiro

Como promete o tempo sorrisos
e se abre o crepúsculo
só por espelhar alvas...
só por espelhar alvas...

29 de agosto de 2008

Fonte Sequelo


Era a porta do escultor,
dentro havia um leão grande,
muitos Cristos
e bustos da família:
Mamã-Cármen, Mamã,
Avô, Monchinho...
em gesso, em bronze,
em madeira, em vivo...,
como um ritual chinês,
como um ritual latino.
Agora fica o olho, o cristal e o caminho
da mão que teve a força da criação
e o sentido da força despido.
Agora fico na estirpe,
na lembrança dos sonhos que contornaram,
a minha linha desde Pigmalião,
de Pigmalião... não de estátua o sino...

28 de agosto de 2008

Olhares

Foto L. Fernando Gamba


As pombas?
... E caminho eu
com pão de luz
... E caminho eu
com água de amor...

27 de agosto de 2008

http://novaaguia.blogspot.com/2008/08/entreruas.html

Ausências III


Se o musgo sobre a pedra,
sobre o ferro,
não criasse a côdea vegetal
desde o assento possível
da ausência de húmus,
cada saudade
não me tornaria a ti.

26 de agosto de 2008

Risos (com Alexandre)

Foto de Iara

No riso puro contamos anjos,

sinos de glória a plena luz.

No abraço extenso já conhecemos

águas de cosmos, linha de som,

fadas e kelpies, mouras e encantos,

verbos de magia, e dom dos dons.

Contraluz

Sombras desde o púbis,
cúspides,
prismas de esplendor
em abandono pleno,
no sentido da pele
a contraluz...
lembrar de ti...

25 de agosto de 2008

Rédeas


Linhas de equilíbrio e resplendor.
A imagem da beleza em desafio,
o abismo sereno no trapézio,
a rédea sem rédea e o balanço a contraluz
no instante da fé.
Uma entrega de alma que negue eternamente o coração,
e comungue nos poros dos sonhos
com o tempo de lume e sol-pôr
com carne feita verbo
com ritmo desentranhado
naquele som de sombra em tanta luz.

24 de agosto de 2008

Poeta

Tenho razão, Mamã,
Quando digo que és uma borboleta,
Tão linda como uma floreta,
Como uma borboleta a apanhar néctar,
Num campo tão formoso como uma rosa,
Num rosto sem nenhum mal.
E agora chega o final,
Com uma despedida fatal.
Iara, 9 anos (23-VIII-2008)

Escreve-me os teus versos de chocolate.

O teu sorriso é o meu campo de eterno semear.

Sabes? Soou o sino da Berenguela.

Eu estava ali, passou o tempo,

quando ergueram a sua língua

e Compostela teve voz grande

em espera do teu regresso

desde a esfera dos anjos,

mensageira nos céus,

mensageira na terra,

minha poeta.

Ai, fica tão pouco colo

e quero-te acarinhar,

enquanto medra o teu verbo novo

e chega o tempo de acordar

auras extensas que abarquem sonhos,

ninhos de fadas e flor de paz.

Poisson sur la nuit

Há um piano em meio da rua:
Imagino sinfonias de longo caminhar.
Há um caderno e um lápis
sobre o banco de pedra:
Imagino escada de água fina a borbotar,
e nasce o som.
Passa a troupe da noite
antes do último sino
e o seu olhar redime da tenra solidão.
Alguém se achega e eu sempre sorrio
"merci" diz, ai amigo, e tu sabes quem sou?.
O último dos saltimbancos ve que estou a fumar,
"tens para mim um cigarro?"
ofereço ainda outro,
a esta hora não sobra
um pouco de ilusão,
"e... queres que te acenda?"
-"Ui, dito assim,
acende-me, mulher"
De flores no caderno,
adeus homem que passa,
aqui vou-te pintar
num verso longo e azul.
"Ficas listo?",
"Algo bobo, mas dá para viver"
À noite do meu leito só chega o cabaret.
Definitivamente o anthropos é um ser gregário:
grandes grupos e pares e a minha solidão...
Que lugar ocupo na noite em Compostela?
Oferece-se bachata ou salsa por dançar.
A pele deste agosto
tem estrelas sozinhas.
Não posso dormir sempre,
não posso sonhar mais.
Há luzes de anjo,
mas sinto pedra e frio,
olhos de menina
que acendeu um farol
e abriu uma era
na janela do sou.
É tempo e sombras
no blues do oceano,
ninguém chamou hoje à rua coração.

23 de agosto de 2008

Revelação

Os anjos, as fadas, o tempo dos lobos livres,
a lua nova de Agosto,
tudo aguarda o lento anoitecer.
Canta a terra verde o sabor que saberá,
o sonho de lupária na tarde,
e tende-se a cúpula irisada,
a magia e a alma da paz.
Agora sei porque nos encontramos,
agora sei.
Agora sei quem sou.
Agora sei quem és.
Agora sei porque em longas alvas
aflorava o espírito,
e o cosmos corporal deixava cheiro a asas,
agora sei porque amar era afundir-se no olhar,
porque era fluir,
e porque tínhamos rostos
e mais rostos das eras e do som.
Agora sei qual foi o pecado,
a fúria a flor de pele
a noite da ira e do abismo perturbado,
o silêncio triste,
agora sei.
Agora sei porque nasciam profecias ao ouvido
e sentíamos o tempo das premonições nascer.
Chegou o tempo das fadas e dos anjos.
Agora sei quem sou,
agora sei quem és.

22 de agosto de 2008

Quintana de vida



Nesta luz é o tempo de contar,

o tempo dos anjos do ar,

a flutuar na lua.

Criam-se cenários

na Quintana de Mortos,

cenários de tempo que passou,

de tempo que ainda vai chegar,

mosaico de rostos ,

de aromas alegres

e voz de solidão.


Caminho vida

e gravo nestas pedras transição.

Que fica do que fui,

que será do que foi?

21 de agosto de 2008

Tempo de Anjos. Oratório azul.


Um azul de anjos, uma estirpe em azul
desde a pedra de Compostela a ti,
desde o leito de Ardilheiro, a ti,
uma linha de rio para o mar
e o amor com asas,
a rota dos olhares
num sentir tão fundo
que se perde nas idades
e nos sonhos e vive na teia longa,
no coração mesmo do universo,
na noite de espera,
de palavras a nascer.
No alvorecer dos oráculos
renasce a memória mais formosa,
os tempos do amor
e a carícia,
os tempos do sorriso
e o anjo, contigo sempre em verso puro,
Ulha abaixo
a fluir, até onde nasce o mar.
Deixa-me, deixa-me o tempo da ria,
abre-me a porta do teu litoral.

Bios orphikós

Com o sabor dos Cantos Caucanos,
Para Antón Avilés de Taramancos, in memoriam.


Saúdo o espírito do Cauca venturoso,
o espírito de Noalba Timbacoi,
e com o som do Negrito del Batei
deito a tarde da ria,
a tarde da palma e o castanheiro
e brindo por vos, Ulisses de duas terras,
desde este chão de pedra,
esta meia luz na que sempre
resplandeciam os tempos de Santiago de Cali
e brindo pelas poupanças do mestre de balcão
que nasciam no celme de Compostela
com o mesmo brilho no olhar que teve Antón,
com os mesmos sonhos de estirpe derramada
entre as vegetações novas,
entre os imaginários do achado maravilhoso
e as saudades da lembrança reflectida,
intenso reflexo dalgum mar.



20 de agosto de 2008

http://novaaguia.blogspot.com/2008/08/noite-dos-raposos-azuis.html

Tempos de moluscos

Carne de luz, tremor de molusco nas entranhas,
sensual vento frio de corpo a beira-mar,
as partículas intensas de luz que flui,
o calor, o som vermelho do calor,
a textura dos ventos e o sabor vegetal do sonho.
O sabor universal da água viva ondeia no brilho,
na pele, na entranha mesma,
na cosmogonia própria dos paraísos estendidos no prazer.
Voltou o desejo e a lembrança intensa do gozo,
a inocência alegre dos corpos livres,
os intensos aromas transgressores.
Voltou o éden primeiro com a paz.

19 de agosto de 2008

Intensidades

Refresca a tarde entre carvalhos,
engole o mundo, desboca o tempo.
Sente.
Sente até que o infinito seja a única meta,
o brio único,
e o vento comungue sensações,
até que corte a pele o esplendor
e os poros transpirem apenas luz.

18 de agosto de 2008

Pambre

Passou o tempo.
Medraram os carvalhos.
Os irmandinhos lutam no Cáucaso.
O castelo ainda tem senhor.

17 de agosto de 2008

Ausências II


Acreditava nas princesas,

nas detectives de Charlie

e, desde logo, em Heidi,

nos pastos altos e no vale,

quando fui com minha avó rua acima,

até o leiteiro de Maienfeld,

o que vendia o leite de Copinho de Neve,

e ele me deu um caramelo

macio como o teu sentir.

Eu abria o meu doce ante ti,

como quem abre o coração.

Estavas na porta, perto,

muito perto da casa de Palmira

e eu olhava o sorriso grande do leiteiro

desde a sua porta ainda

e noutra porta tu

e a minha avó a falar e falar.

Sim, Palmira era boa mulher,

dizia Mama Cármen,

e o leiteiro tinha rosto de pão,

e Charlie Townsend me enviara;

eu era Sabrina Duncan, the smart angel,

-a minha Nancy na mão, Jill Munroe,

e eu partilhávamos missão-

e tu semelhavas príncipe perdido,

de incógnito, e tinhas um ar com Pedro,

que sempre me encantou.

Por isso olhava firme,

por isso não deixei de olhar,

era eu a enviada,

para te restituir o trono

e beijar.

Sabia do segredo do teu reino,

num ocaso a beira-mar.

16 de agosto de 2008

Ausências I

Já não quero pairar mais,
dizer que não há portas e que sou feliz.
Reconheço ausências lentas no gume da dor,
na mesma rede azul que impede o céu,
na mesma madeira que impede o ar,
no mesmo rosto hoje de sal.
Falo é de amor.

15 de agosto de 2008

Templo


É a tarde longa de Iemajá,
a força tranquila do poder:
submergir, voltar, sentir, viver.

O único poder é a vaga,
que envolve, afoga e deixa ar.
O único poder é o sol,
que entrega o calor da beira-mar.
O único poder está no vento,
que deixa o tempo de sonhar.
O único poder está na areia
que sustenta o passo horizontal.
O único poder é o templo
da luz da tarde num olhar.

14 de agosto de 2008

O Galo

Já cantou duas vezes.
Já cantou.
O galo não quer galinha,
mas ficou
com aquele peteiro a rebuscar
no silêncio da noite
o alvorar.

Aguarda tempo aberto,
som de mar,
tempos de estio velho
por chegar.

Três vezes ainda
vai cantar.
Eu acarinho alvas,
a aguardar.

13 de agosto de 2008

Janelas II




Era janela de menina.
Ali pintara os corações
e em tardes de chuva escrevera
com o dedo mais tenro do amor.
Partira o tempo
e os amores ficaram longe
a repousar,
mas o vento respeitou os sonhos
e rompeu só a solidão.
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12 de agosto de 2008

Tanta cor


Para Ana, Juan Carlos e Omar... que chegavam à haima no sol-pôr.

Tanta cor como amanhece, tanta cor.
Aguardam os tapetes kurdos sob a pele e a palavra,
a guitarra que ficou
e um anjo a beira-mar,
sempre a beira-mar
lega odor das terras de Pasto,
ao Cauca abençoado
com a história de um piano e um amor
de heroinas livres.
Cada dia chega uma carta nova,
chegará. As cartas de um último tarô.
Chove fora,
mas na haima
resplandece um ténue sol.

11 de agosto de 2008

Janelas


Pedir-te-ia apenas a janela aberta,
eu levo os doces,
tens bom vinho para partilhar?
Como posso convidar-me ao teu banquete?
Cada noite rego as flores do amanhecer,
entrelaço ternuras com gerânios,
desejos de amor com bem-me-quer,
beijos com cravos de odor,
e aguardo um tempo de ar,
de ser de espírito,
o tempo dos espíritos por ser,
o tempo dos corpos por gozar.

10 de agosto de 2008

Milagre

Acreditava na ressurreição de Lázaro.
Desejava voltar uma manhã
e achar o teu sepulcro derrotado,
lamber a terra escura que povoara o teu corpo,
acarinhar os lábios com lábios feitos sol,
cheirar cada fragmento de humidade
na procura de fontes subterrâneas,
escutar o crepitar da tua pele a reviver
e deixar a lousa levantada,
chegar com tanta luz como chegava
até cada recanto da paixão.

9 de agosto de 2008

O talismã


É como o pão de cada dia,
um peixe de prata pequenino
navega na fonte de Compostela
na procura longa de amuletos,
o lápis crucier, a figa,
o dom das pétalas de orvalho
no rosto da esperança que ficou.
Sopra o vento do sul
e as pingas são salgadas
sobre Eros, ah Eros o colérico,
regato de inverno no verão.
Deixa que te diga menos e melhor,
que sejam os olhares e o tempo
mais profundos,
que se cumpram os sonhos
que falavam de amor
e que as portas do ágape
não estejam fechadas,
enquanto o anjo calma
aura e resplendor.

Lembras, sim, o tempo
dos doces terramotos?
Sacudiam a vida
entre beijos e paz...
Ficou o tempo triste
de uma derrota escura,
o instante das distâncias,
dos ecos da canção.

Ajeolho o silêncio,
procuro o som do oceano,
o talismã guardado
no fundo de um olhar
e chamo cada verso
com voz de borboleta,
porque sei do teu rosto,
da tua voz, da paz.

8 de agosto de 2008

Céus de Babilónia

Lembro as noites de Babilónia,
aquelas noites longas de tremor,
de pele ao sol-pôr, a tecer pele,
de lábios como brasas,
de mãos como sorrisos
a encher mundos de água e mergulhar.
No crepúsculo vão-se alinhar Marte e Vénus,
o tempo e o mensageiro acompanharão.
Quero encontrar-te no céu que conhecemos,
meu guerreiro dos sonhos,
meu rei das noites tenras na constelação do leão ,
meu lobo de desejo azul,
meu tempo na praia de búzios carmesim,
meu lago de sal.
Cheiro a ti, às noites de Babilónia;
passaram tantos séculos e ainda estás em mim,
a tua sombra ocupa o sonho e a esperança,
enquanto busco a linha da nossa redenção.

7 de agosto de 2008

Em tempos de seca também sei

Também sei dos jogos sob a lua,
dos olhares morenos,
da dança e a emoção,
das mãos nas mãos
e as palavras que desejam
também sei...
São um caminho,
onde a carícia é sonho
de cheirar espíritos
e ver o resplendor,
um desejo de escutar olhares
e estender as asas em abraço e som.

6 de agosto de 2008

Voz

Alonga-se o tempo e fluem as águas:
aqui se inicia o mar.
Da mão passam as vozes,
alguma voz de cana,
alguma voz de vento,
alguma voz de ria
e sempre a voz na pele,
a tua voz...
Há tanta fome no mundo,
tanta tristeza à deriva
que vibra nalgum oco
a mesma saudade
de tornar simples as páginas iniciais
e feliz o caminho na marca do sol
quase à tardinha na esplêndida solidão.
Passaram incêndios e batalhas.
Ficou a palavra a beira-mar,
tenderam pontes sem direito
e no universo que se devia amei,
amei e amo aquele rosto como um grial,
amei no corpo e amei no verbo,
bebi das fontes, naveguei no onda de Afrodite.
A força dos pulsos retrógrados
mediu-se com fartura já,
verificou-se o empate técnico,
remoinho na água, a dor na dor,
baldio no baldio, ermo no ermo,
ninguém venceu... nem mesmo o amor.
E ainda assim amo e desejo
e vejo peixes ainda a saltar
e lembro olhares de borboleta
e versos longos no paladar.

Sob o signo do leão


Nasci num canto da ria
com água como universo,
manei como mana a fonte,
fui de vida nos seus templos.
Estava a luz em carícia,
estava o som em silêncio,
estava o sol já na pele
e não saíra ainda o vento.
Contaram-me então que os astros
dançavam no firmamento
e que os sinais deste dia
eram sonhos de ser pleno.
Nasci de amor e palavra,
nasci de paz e desejo,
nasci de verdade longa
e ternura a flor de verbo.
Ficou um caminho atrás.
Fica um caminho no tempo.

5 de agosto de 2008

O círculo

É um círculo doente de luz.
Fere a intensidade, a clarividência,
a oportunidade de ser e estar.
Achega-se o tempo de nascer,
a dor iniciática de poder
e afectam-me as ausências,
a larga solidão.
O trânsito do sonho ao saber,
da espera ao fazer, é um olhar.
Dá medo sentir e mesmo agir,
mas não posso voltar.
O dia vai abrir, viver, cantar
um longo passo,
agora é o instante só de amar.

4 de agosto de 2008

O caminho


Saio sem rumo em tempo de renascer.
A asfixia deixou passo a um ponto de luz.
A esfera aquosa já não é:
posso sofrer, posso ser feliz.
É um dia de terra e solidão,
vida e morte partilham corredor.
Morro para nascer em quem me porte viva.
Nasço para morrer em quem já me matou.
Não há saúdo, não há despedida,
mas ficam sempre os sonhos e o rock,
o mar, os continentes,
e o tempo que passou,
a tua longa luz no fim do túnel,
cordão umbilical pleno de amor.

A árvore da vida

Entrelaço sentido e sentimento
e desejo o teu sonho no meu sonho,
complexa esta árvore,
e os seus frutos do Outono.

3 de agosto de 2008

Leis de amor

No tempo dos círculos perfeitos,
cada dia foi uma revolta
por chegar a não ser
e os sonhos erguiam-se cansados
e o amor sofria sem querer.
Tudo por não dizer...
tudo por não dizer...
por não dizer que te quero,
e perguntar,
por não desvelar teus olhos
atrás de cada pinga cinética de orvalho
tudo por não ter dor...

A ausência, o vazio,
as faltas de ti,
são poderosas
e este é um tempo de estações.

2 de agosto de 2008

Flores


Tenho tantas mãos nas minhas,
tantos corações no coração,
tanta terra semeada de carícias
de saudades, de lenta conversão
a um nós forte e sem bandeira,
credo ou norma, som ou cor,
tanta riqueza funda, em peito,
abraço, sonho e mesmo dor
que a colheita é grande e proveitosa,
de frutos sazonados, folha e flor
e no almoço sempre como flores,
plenas de nomes e sabor.