23 de julho de 2008

O Caderno Bizantino XVIII - Tempo de Allah

I
No céu estão juntos o sol e a lua
da primeira revelação:
Allah é o mais grande,
Allah é o mais grande
e faz nascer o dia na ablação.

II

Na cenita é a hora do silêncio.

Atestei que não há mais deus que Allah,

o único múltiplo, feminino e masculino

que entrega o máximo esplendor,

o som sem sombra.

Atestei que não há mais deus que Allah

e beijo o sol.


III

Atestei que Muhammed é o mensageiro de Allah.

Atestei que Muhammed é o mensageiro de Allah,

o seu profeta na hora na que a sombra

duplica a minha longitude

e dobra sempre o eco do que foi,

do que será.

Na tarde a oração

é o tempo fresco

da agua sobre o mar.


IV

A sombra estende mundos

e do minarete chama o instante do sol-pôr.

Vinde a oração! Vinde a oração!

O canto ascende no céu de Istambul

ate o rosto de Daniel na gloria do Pórtico em Compostela.

Vinde a oração! Vinde a oração!


V

Quando no céu ascendeu a estrela

e não se diferencia o branco do negro

nos fios nem no odor,

Allah é o mais grande!

Allah é o mais grande!

Não há mais deus que Allah,

antes do sonho da noite

a aguardar o tempo de amanhã.

Abraça-me, porque o caminho é longo

e conheço a brisa da cidade,

abraça-me na noite da Lançada

com as nove ondas,

abraça-me na arvore da vida

e no tempo dos chacras

cobre-me com luz de Bachue

na deidade longa que acaricia os ventos

do deus da chuva,

não há mais que Allah.

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