17 de julho de 2008

O Caderno Bizantino III


Procuro as teias ricas de Oriente,
um luxo de cor,
e a henna para pintar desenhos
e cantos de espera
enquanto no peirão se doura o peixe
na confluência,
no caminho a Tróia,
no caminho a Helena,
a chamada desde o minarete
e o sino cruzado do tremor.
O mundo torna túnica possível o nome da luz
e o sésamo nasce no paladar,
semente azul de Aquiles
que viajava ao Sul.
Quero orar na mesquita
o esplendor do mosaico bizantino
enquanto a questão eterna
dos anjos
aguarda tempos mais propícios
no lábio do desejo a latejar.
A ser canela no corpo e no olhar.

Os velhos sacerdotes não sabiam
da noite de espíritos revelados
no odor de amores encarnado
nas ausências longas de Penélope
e no corpo de Ulisses
com dom de carícia e mar...
As teias de Oriente,
os sínodos,
o mito e o logos a criar

... Ai Bizâncio, Bizâncio,
quantos véus ainda por tirar
na dança longa do velho mundo,
na textura dourada de um outro chá.

Sem comentários: