28 de janeiro de 2010

Carta de sonhos

Sem carta, perco-me no cenário dos sonhos,
a procurar cadernos para escrever
alter vida
e mora o tempo pleno nessas noites
pobres de pele, frias linhas,
horizontes sem dor,
das que acordo cansada para o dia.

Havia beijos. Tremia o beijo rei,
lambia o sentido da existência
neste amor antigo,
pele onírica,
dom dos leitos tristes.

Caminho pelo corpo das tuas páginas,
personagem roubada a ti mesmo,
para ter-te
ou encontrar-te
noutra história de amores paralelos.

19 de janeiro de 2010

Chegar beiramar

Achegar água, sem deixar
para ti mais cor que a cor que chega
e o vento a desenhar fronteiras
entre nós
o silêncio a medrar...

15 de janeiro de 2010

Sonho de Terra


Se posso despir o corpo, posso despir a alma
e dizer que nao é este o tempo de perder.
Meu amigo de alma e fala e pele eternas,
folgo em noites lentas teu nome junto a mim.
A comunhao mais mística de amantes esquecidos
é o meu santo e senha ante a porta de sal.
Pago em sonhos os sonhos
e em lágrima o acordar.
Os meus olhos retornam à dor da carne tua,
acusam outros beijos de antes se anunciar,
tentativas de assalto até o vento que chora.
Na Terra, o nosso verbo, semeia
dor de mae.