31 de dezembro de 2008

Sonhos de luz. Feliz Ano


...E que achegues luz em cor
à Terra Verde,
e que brilhem os desejos
e a saúde,
os bens, palavras,
versos novos,
anos de abraço
e nova lua,
tempo de amor,
longo caminho...

Contos Palestinos


Para Minchi, para nós e vós, nós

Contam que hoje é o fim de um ano,
contam que hoje é um fim de vidas,
chove em Compostela chuva fina,
chove fogo em Gaza,
faixa-terra
e um longo cavalo ainda galopa
as palavras da dor,
nos olhos-linha.
Amor que foi de tempo sem fronteiras,
fronteira de deuses no sentido
e contos que te conto,
bons desejos,
em língua de sonhos palestinos.

30 de dezembro de 2008

Leitos de água VII


Os silêncios iludem terras frias
e guardam a forma de palavras,
chegas à janela,
teces linhas,
os dias eram tu,
sem ser na vida.
As saudades nascem quando morres,
morrem os rostos se tu nasces
e torno-me peixe na alvorada
dança de terra,
canto de água.

28 de dezembro de 2008

Leitos de água VI


E no teu lar de costas e almas bravas
volta a caminhar o som
e ainda abraças
lembranças sobre a pele
e leitos de piano,
anjo em sombra sobre o mar
enquanto escreves na árvore o silêncio
que era
amor
em manancial

Leitos de água V


Deixa que trema a luz candeia
e que sorria então, lábio de gas,
que o champagne
torne em nuvem a esperança
e, mais ao Norte,
chova em doce
o meu cantar.

Leitos de água IV


E sobre o ermo verde, verde fado.
Rocha em alma,
acantilar a voz
e seja nave:
voar vento,
pairar sonhos,
de janela aberta pairar voz
à imensidade

Leitos de água III


Choram violinos noites tenras,
pedra que esmiúça como água
e aguardo em si menor
linha de corpos
no tempo de nunca jamais,
meu menino, tão velho, meu menino.
Em noite de lembrar e borboleta,
a descer caminhos,
nuvem flor,
o violinista tece no ar
a saudade derradeira
e chovem as palavras
desde o arco
em quase tango e sonata e bolero
e quase quero
que me ame a preto e branco a tua mão
e me torne corda, uma vez mais.

Leitos de água II


Os tempos da Veneza,
noites de Rialto e beijo em som;
sobre o canal sorria o único Vivaldi
que vivia em puro índio,
sonho de Bochica a caminhar
em meia luz de outono que era amor.
Quanto amei, senhor,
e quanto amo.
No meu leito de morte
serão rostos os antes que cheguei,
lágrima pura a carícia
que sempre terei
e entre a última big band
abrirá passo
um violino
a tanger as notas de ontem, meu amor.
As notas de lágrima e fim mundos,
meu longo instante em fé,
inverno em lor,
ecos que voltavam continentes
os beijos cor de peles,
peles minhas, tuas peles de som,
e morrerei de mapas tingida,
voz cartográfica
de luzes,
a abrochar.

O Solstício de Inverno na Terra Verde. Lumes




Foto Juan Carlos Jaramillo




















Leitos de água I


Despido sobre o solo,
é de areia a fonte clara,
po de água,
linha-odor,
vapor em ermo longo,
húmido planeta
sobre a sede infinita,
apenas lama.

27 de dezembro de 2008

Ver em luz


E achegar os tempos da dor e a dança
até que sejam um tempo mesmo
e os sapatos marquem
areias de existir,
alfaias verde menta
e silêncios de vento
na alvorada,
quando se achega
o dia das cabeças murchas,
janela de cor mil,
colar de alma,
livro das esperas
em riso de pura arma
e cantar aqui.
minha espada de luz,
louvar de som
a ser de espelhos
tarde em sim.

26 de dezembro de 2008

Para ti


Neste tempo de alvas demoradas,
de lumes, ternuras e de entregas
eu te deixo uma praia na caneta,
uma praia virgem,som de riso,
pegadas sobre a areia
para ti.
Deixo-te o verso e embrulho os campos,
a rolda de aves, cor de inverno,
canto de esperas que eram beijo
em tempos de tempo sem fiar.
E um olhar de monte, quase em lobo,
um sonho de histórias
por contar,
a tua pele em mim
e os paraisos, meninos que voltam
ao fogar.

24 de dezembro de 2008

Adro


Do manancial da pele
abrochar o corpo
da alma
e partilhar
o tempo de amor.
Olhar, na luz de íris renovados,
o sorriso dos sonhos,
a esperança,
odor de verbo acompanhado
em tempo de amor.
De eternos recobrados,
de carícia,
de noites prendidas
á alvorada
em tempo de amor.

23 de dezembro de 2008

Pegadas


Sobre a pele as pegadas,
os nomes,
o sentir absurdo de dissentir o tempo
e a dor da dor
ainda um eco...
mas conta a luz que é solstício de inverno.

20 de dezembro de 2008

Chegar de sol



O sol chegou.
Um velho amigo à terra das saudades
e eu sonhava o meu coração
feito de amores pequeninhos
e amava em ti espelhos
que não nascem
e terras de namoros,
mês de maio e abalar
de cor de pele em cor de pele,
ritmo e Caribe e som de noite,
ainda no perfume do teu tacto
um outro rio, dança de café
quando é o brio
dos múltiplos acordares,
o amor múltiplo
e sorriso de pena a descer lama
como se os corpos,
como se os corpos
chegassem sol
e nomes tudo.

19 de dezembro de 2008

Apenas...


Foto A.B.
Resplandeces como uma deidade, um fazedor de homens sobre mim, e o tempo para.
Então fico a saber que temos a força conjunta da criação e amo-te nos limites que não podem ser traçados, nas definições que ainda não nos foram reveladas.
Então fico a saber que a tua semente tem mais vida que a vida própria, e gero poemas de uma noite para que nasçam no amanhecer, entre o parto calado do teu sono, quando o meu ventre é de línguas; no amanhecer, sim, na tua companha ausente, desenhados no abraço das nossa peles, nascem os teus filhos de mim, enfiados no amor e na palavra.

18 de dezembro de 2008

http://www.pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=482:higino-martins-lo-drama-do-ultimo-moicano-nom-se-pode-desejar-a-ninguemr&catid=6:entrevistas&Itemid=71

O Regresso


Compreender-se ciclo ascendente,
descendente ciclo do latejo,
do amor, do sonho,
do preciso momento
do abismo e o céu…
água
água-nuvem prendida em erráticos nimbos,
nimbada de esperança
nos ventos propícios,
água de ternura
nos prantos obscuros,
na montanha alegre,
no lago profundo.
Água de silêncios
no leito calado,
água de murmúrios
na fonte de outonos,
água de fervença
em primavera e alva,
água de neve pura
nos tempos de aquário.

Volver e ser caminho,
e não ter volto nunca,
sem dimensão de tempo,
sem tempo subterrâneo,
acariciar a pele do universo leve,
oxigénio e hidrogeno
de sonhos insondáveis.
Ser água das tuas veias,
ser gelo das tuas pausas,
ser vapor, nuvem, atmósfera
dos teus tempos errantes…
o ciclo da vida, a alva dos mares.

17 de dezembro de 2008

Latejos


Saciado de tempestades
nasce o tempo de amar
e é futuro de si
e é passado de espelhos espelhados,
calma de remanso, reflectidas copas,
tenras folhas, paraíso de lua
num caminho de vida regressada.
Remanso leve e doce en linhas de sonhar
e sonhos feitos linha vital
na sem, no latejo,
beijo intemporal de amor tranquilo.

16 de dezembro de 2008

Moinho


Companheiro de estrelas
em jornada de amor,
a tua moenda é um ritmo de esperança.
Moinho de amanitas
prendido no azar de pedras sábias.
O círculo fecunda cereais,
do milho amarelo
ao máis alvo trigo,
ao centeio moreno,
as peles mostram-se,
cheiram-se
com desejos novos
e futuros pães de cada dia,
e deixa a humanidade pedra na água,
círculo na linha quântica de Eros,
moinho no beijo do rio
detido no seio segredo.

15 de dezembro de 2008

Recital no Modus Vivendi 12-XII-2008... Momentos retratados por JCZ e JCJ

Com espíritos mágicos de tantas e tantas pessoas, a luz do Modus Vivendi e as vozes companheiras de Juan Carlos Zamora e Alexandre Brea... foi o tempo da Terra Verde, canto de amizade e esperança... um nós.
Ecos de Ómar Calvache.






















http://www.compostelacultura.org/letras/axendad.php?id_e=7903&lg=gal