8 de novembro de 2008

Raiz em pedra

Os pés deitam raiz na pedra, na saudade,
e no devir os ocasos têm pegada de ser
e a linha do tempo é marcada
pela sombra própria
e fazem saber...
Eu costurava as redes em portos de passado,
nem levava roupa nem calçado,
apenas o corpo a esbarrar sobre a cor
e o escuro a brilhar entre o tremor.
Sabia beijar os peixes novos
e tornar grandes os ocos na rede,
liberar onda em pena e sal
e ser a espera de golfinhos,
magia na tardinha,
casa do último pescador
olhar e alento
a perguntar por ti,
pelos silêncios,
incompreender as pescas milagrosas
que chegavam vazias de sentir.
Sim, descosia redes, desredava...
e fiquei apanhada por partir.
Mas os pés têm raiz e os peixes voam,
as luzes livres são assim...

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