23 de novembro de 2008

Mundo em mundo

Para Peter Brown, Caribe em Compostela.

Torno a tua pele pele minha e revolto história e som
numa carícia, meu amigo de paixão e dança errante,
quando te amo sinto pangeas pequeninas a estourar
e amo as áfricas prendidas na cor dos teus abraços,
as américas presentes no ritmo das histórias,
as europas que portam caminhos de ida e volta,
e sei que somos mundo, união de mundo em sim,
e que injustos tempos marcaram a migração das aves,
que escravo de escravos te fundara,
que labrega de relha me criara,
para que libertemos a redenção dos sonhos em carícias
e rendo em culto ao canto original este cultivo
de gozo e leito tenro, fluir de primavera no cabelo,
à união primeira, antes da chegada dos captores,
antes da injustiça dos bancários,
de que inventassem o capital e guardassem as palavras,
quando voltamos a ser, homem, mulher,
cor de umas cores, pele universal de tantas peles,
simbiose de um nós,
mundo em amigo,
transitório sino da pedra
antes da catedral,
floresta de passo pelo cosmos,
passeio em ti a homenagem
do que tenta mulher branca
com razão e fica na memória das gondwanas,
por revoltar oceano e coração.

Sem comentários: