31 de agosto de 2008

Onde habitam os rios salgados...

Para Xacobe, que arribou na noite do Cantábrico à terra de Lorelei

Sentir frio sem frio,
ângulos abertos
no tempo rígido da lousa.
A fé do alento
que chega desde a água
ergue vapor de fada pura
no inferno branco que dizias
quando a luz duvidosa do quiçá
ao longe enfiava sonhos
e voava costa onírica
em prazer.
O último céu dança com morcegos
e caminha sobre a onda
até ilhas impossíveis
que inexistirão
no mesmo instante
no que o carro acenda,
quando o conta-quilómetros
ponha muro a esta ilusão
e nos deixe atrás,
perdidos pilotos que ficaremos
na voz da noitinha,
no som gozoso
onde se funde
o espaço hemisférico da magia,
onde se rende o tempo
à beira-mar.

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