9 de agosto de 2008

O talismã


É como o pão de cada dia,
um peixe de prata pequenino
navega na fonte de Compostela
na procura longa de amuletos,
o lápis crucier, a figa,
o dom das pétalas de orvalho
no rosto da esperança que ficou.
Sopra o vento do sul
e as pingas são salgadas
sobre Eros, ah Eros o colérico,
regato de inverno no verão.
Deixa que te diga menos e melhor,
que sejam os olhares e o tempo
mais profundos,
que se cumpram os sonhos
que falavam de amor
e que as portas do ágape
não estejam fechadas,
enquanto o anjo calma
aura e resplendor.

Lembras, sim, o tempo
dos doces terramotos?
Sacudiam a vida
entre beijos e paz...
Ficou o tempo triste
de uma derrota escura,
o instante das distâncias,
dos ecos da canção.

Ajeolho o silêncio,
procuro o som do oceano,
o talismã guardado
no fundo de um olhar
e chamo cada verso
com voz de borboleta,
porque sei do teu rosto,
da tua voz, da paz.

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