17 de agosto de 2008

Ausências II


Acreditava nas princesas,

nas detectives de Charlie

e, desde logo, em Heidi,

nos pastos altos e no vale,

quando fui com minha avó rua acima,

até o leiteiro de Maienfeld,

o que vendia o leite de Copinho de Neve,

e ele me deu um caramelo

macio como o teu sentir.

Eu abria o meu doce ante ti,

como quem abre o coração.

Estavas na porta, perto,

muito perto da casa de Palmira

e eu olhava o sorriso grande do leiteiro

desde a sua porta ainda

e noutra porta tu

e a minha avó a falar e falar.

Sim, Palmira era boa mulher,

dizia Mama Cármen,

e o leiteiro tinha rosto de pão,

e Charlie Townsend me enviara;

eu era Sabrina Duncan, the smart angel,

-a minha Nancy na mão, Jill Munroe,

e eu partilhávamos missão-

e tu semelhavas príncipe perdido,

de incógnito, e tinhas um ar com Pedro,

que sempre me encantou.

Por isso olhava firme,

por isso não deixei de olhar,

era eu a enviada,

para te restituir o trono

e beijar.

Sabia do segredo do teu reino,

num ocaso a beira-mar.

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