12 de dezembro de 2008

Inexistências


Como poderia ser o tempo,
o lugar da treva em que chorar...
se há palavras longas, saudades
de peles infinitas na pupila,
no ouvido, na ponta dos dedos
quando toco a onda
e tem o sabor salgado
de cada lágrima guardada...
Teria que esquecer, ser fume,
não ser, perder-me em trevas longas,
inexistir de alma e deixar o corpo a levitar
por não lembrar os nomes todos,
as palavras todas, os silêncios,
os versos das tardes,
as pessoas segundas,
as terças e as quartas de Janeiro.
Perder-me no limbo de sensuais trombas
com anjos que despem as lembranças,
murchar camélias tristes,
das que riram
e prender na silveira ecos de fome,
história, senda, aprendizagem longa dos naufrágios
enquanto tirava um chapéu ao ar
e assolava os passos no Lima poderoso.

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