6 de dezembro de 2008
Nus
Despimos os corpos por não despir as almas.
I
Havia um reino de pureza
mineral
que descia as coxas
no amenhacer
com o sopor
da pele próxima
e glória anelada
por-vir.
II
Havia um ranger
de pele
que aspirava
bocanadas de sono
e morava
os paraísos oníricos
do púbis
em lábios vivos,
em cuspes mornos
e doce sal.
III
Havia uma inconsciente
consciência
de fibras verdes,
de seiva longa,
de entranha em pétala
e dor viva
sem dor.
IV
Havia aroma de alga,
ria aberta no tempo
do calor.
V
Havia sombras triangulares,
cúspides,
prismas de esplendor
e abandono
pleno
no sentido da pele
a contraluz.
VI
Havia tactos desbocados
a galopar
as chairas,
os abismos,
as montanhas altas,
estender
asas
ao sol
a acender
luz.
VII
Havia um incêndio
no suspiro,
terra de búzios
e explodir,
uma paisagem dilatada
no ar cálido
vulvático
a beira-mar,
a beira-tu.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Lindísmo poema: ao saborealo non podo deixar de pensar en Ulises.
Na morna cova de Circe a dor non era dor, por iso ficava gorentándose dos sentidos plenificados. Mas esa dor que non é dor é unha dor pre-sentida, por iso Ulises marchou. Como se intuise que o que o vivificava naquela hora havía ser o que o putrificaría ao final: pois as algas que vemos sempre verdes non son as mesmas algas e deveu sentirse "alga en descomposición": acordou do sono da inconsciencia de viver para a conciencia da morte.
Ulises marchou porque sabía que o esperava Penélope para gozaren das almas espidas.
Un beixo
Ulisses... o arteiro, nao sabia, porém que Penélope vibrava no corpo de Circe, que se desejava Circe na sua ilha despossuida e que alguém a protejeu no tempo e no espaço para ser Penélope e sentir a dor anticipada, mais que a pre-sentida. Quando se ergue o corpo no amor da alma, o sentido único é o paraíso que por sempre ficará. A consciência da morte, sim, Ricardo, é a vida que fica e Ulisses sempre lembrará Penélope e Penélope Ulisses, alma espida.
Beijo
Enviar um comentário