9 de dezembro de 2008

Cosmogonias líquidas


No som dos círculos concéntricos

Havia suspeitas em cada cometa,
no pó cósmico das erofílias.
A matéria expandida
que retorna ao copo primitivo
que se desliza em águas
até os cóncavos prazeres
do teu cauce.
Ai minha línea de água
na revolta
das gravitações a beira-mar,
ai minha mátria fluida
nas esperas das tardes de verão,
ai meu sentir de tempo
na molécula pura do seio
e o amor,
nas hidronímias novas
que diziam do teu nome,
nos remuinhos velhos
que aguardavam astros,
nos abismos terráqueos
que as ondas povoavam
de sal,
na energia,
na força,
na vida,
no ser...
Água, apenas água por sonhar.

Somos amor de amores,
plenos de som universal,
plenos de placton substancial
no lábio, no seio,
no conformar do céu,
nas incógnitas da maré
e a lua
a dança do tempo
é aquática
na hora do sol-pôr.
A saudade da lágrima profunda
nasceu num oceano
e torna criatura de presenças
o dia do fauno e a sereia.
O sangue é lagoa antiga
a fluír do coração
e a descer
até o profundo verso,
até o nascer primeiro,
até as deidades húmidas
da liberdade universal.
A vida é de água
Heisenberg, fonte de certezas
na incerteza mística
do mar.

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