28 de dezembro de 2008

Leitos de água II


Os tempos da Veneza,
noites de Rialto e beijo em som;
sobre o canal sorria o único Vivaldi
que vivia em puro índio,
sonho de Bochica a caminhar
em meia luz de outono que era amor.
Quanto amei, senhor,
e quanto amo.
No meu leito de morte
serão rostos os antes que cheguei,
lágrima pura a carícia
que sempre terei
e entre a última big band
abrirá passo
um violino
a tanger as notas de ontem, meu amor.
As notas de lágrima e fim mundos,
meu longo instante em fé,
inverno em lor,
ecos que voltavam continentes
os beijos cor de peles,
peles minhas, tuas peles de som,
e morrerei de mapas tingida,
voz cartográfica
de luzes,
a abrochar.

Sem comentários: