12 de março de 2009

Sozinha

Ser única.
Transitava, única, de cesto sobre a cabeça
e olhar a olhar
os ocos da cidade.
À sua beira passavam o tempo sem tempo
e a distância perpetuada,
o ritmo alheio
e ela passava a caminhar a rua
como caminha os sonhos,
a caminhar a pedra
como caminha a relva,
e nomear a vida e a esperança,
a tornar surpresa de tantos bens:
roupa nas montras,
dinheiro nos bancos,
carros na estrada,
tantos bens sem os que ela
é rainha coroada
pela sua única cesta na cabeça,
e o seu porte de dona a transitar.

Sem comentários: