2 de março de 2009

Endireitar

Quando era menina e diziam de endireitar meninos,
sentia coletes de força a rodopiar
e imaginava varas que danavam vértebras e liberdade.
As árvores que lutam com os ventos,
obstáculos, linhas do horizonte...
e retorcem o tronco livre e puro
eram arte vegetal e deixavam a levitar a gravidade
e os sonhos a voar.
As letras espontâneas marcavam o ritmo
e o jogo do tempo fugia da caligrafia
nos cadernos de pauta bem marcada
sem espaço para o canto do desenho
e eu nem queria endireitar.
Imaginava mísseis reviradinhos
a voltar à terra que os lançou
para deixar nas pátrias mais direitas,
o mesmo direito a boomerangs.

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