8 de março de 2009

Beira-mar

Sobre os silêncios do coração as nuvens ocupam as alturas
e o horizonte torna luz
e me retorna às vidas já vividas, feitas de nomes e ondas,
de paisagens e ilhas prometidas a adormecer
no ninho dos golfinhos puros, no funil do mar
onde se filtram as únicas flores desfloradas
de pura luz.
A minha história retoma o caminho dos castros
e revolta o contraponto das ondas este dom
com ritmo de serpe cósmica e alento.
Adentro o espírito da deusa mãe,
a pintura de cada noite e a dança de cada pele
de Oeste a Leste, de Norte a Sul,
a geografia humana dos afectos
agora que sei que no sol-pôr
se fundem as idades e os idílios,
agora que sei que as gaivotas
se acarinham sem braços e sem ti,
agora que sei que existe a liberdade
e que em íntimas latitudes aquosas
uma sereia futura deitará o farol da única morada
sob a rocha do amor, a beira-mar.

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