19 de outubro de 2008

RE-versos VI

Foto: Alexandre Brea

E como involuciono até a grafia de ti
e deixo o verso escrito à porta,
sem poder entrar
no teu leito, na casa, no beijo,
nos profundos ensonhos que te dizem
e em mim...
que estou em ti,
reverso longo de luz,
conca de lama,
espírito do lume
a tornar.
Como é longo o domingo,
o tempo de senhor,
que se faça a tua vontade,
porque é minha
e se abram os caminhos
sem espadas,
que a árvore volte
e os inversos
girem a pele e a conca
por levitar
até os fados antigos
da oliveira,
até o sarmento de nuvem
e o tempo de sonhar.
Digo das luzes, da cantiga,
do rio e do que está.
Ei, labrego, tenho botas,
caminho sobre os rios
e deixo-me fluir
de água em mim...

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