4 de março de 2008



O tempo nas mãos
e na palavra
de ria a ria.

Odor a mar de infância,
odor de infinitos claudicados
sob as cordas do arco-íris
e um seixo no peto.
Voltar à magia das gaivotas
e tingir os olhos de sal verde,
de escuma no ritmo das vagas
lentamente, escutar e dizer canções
de adentro.

Meu querido, tu eras água,
eu era terra.
Tinhas o céu à tua espera
para além das montanhas.
Regatos que não ficam tornam nuvem,
choverão algum dia,
quiçá sobre a côdea do húmus
deitem pingas breves
que não bastam,
quiçá para então haja seca
e a terra, quarteada, não absorva
o teu espírito,
quiçá outros rios te rejeitem
ou a orografia proíba o teu percurso
e fiques poça apenas.
Tinhas a opção do mais cálido frio
para chegar ao mar em percurso,
em som, em ritmo solidário,
em companhia,
ou estava o instante do sol,
a força, a glória, a tangente vencida,
o ouro alto e o rápido voo da nuvem.
Eram céu ou terra
e prometias rio...

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