5 de março de 2008

Fechaduras verdes

Compreender o tempo
e as palavras
e a vida de sonhos
e os caminhos
e a dor dos beijos
que secavam os lábios
como o vento
dos desertos todos.
Compreender,
partilhar
do outro lado do espelho,
voltar às esferas frias
e repensar a vida de momentos,
sem lágrimas,
com as raízes volteadas
a um céu cheinho de estrelas
e desejos.
Voltar à paz dos lugares formosos,
aos singelos passos do caminho
e reter duas horas
no eco das distâncias.

Quero mirar os teus olhos
por lembra-los
e tender futuros
que não tenho
e sentir as gaivotas
na tua fronte
e as palavras errantes
no silêncio.
Abrir as portas
e as janelas,
aspirar odores
e sendeiros,
desvelar os cândidos amores
que regala a vida
entre os momentos.
Amar passados que não foram,
pisar os lânguidos pretextos
e esperar as luzes
quando cheguem
e fazer lugar no odor da erva
para abrir-te um oco
na memória,
para fechar em verde
o teu recanto.

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