27 de fevereiro de 2009

Rastos na praia do Fim do Mundo

Sobre as pegadas retomava o infinito das areias finitas
e inconstantes sonhos se perdiam a pensar os passados
e perguntavam qual daqueles rastos seguira e perdera
e se todos voltariam no juízo final e a quem saudaria
-antes de renunciar a advogado alheio e procurar-te
entre a corte dos letrados com voar de borboleta-
e se ainda alguém me escreveria nos caminhos
e se o meu moreno deixaria o prato à porta da cela
se fosse condenada ao amor para outro eterno,
e quem repetiria Paris com a camisola do Ché,
e ainda se mais alguém me beijaria entre os ecos
de árias em Chicago e uma obertura mítica outra vez
e se os políticos voltariam do último sono
e se uniriam ao coro dos confundidos na arca das carícias
e se os anjos deixam marca também sobre as areias
e se o meu peito é praia do último marinheiro
e, em fim, qual daquelas sombras era tua ou não era
e se tinha eu rasto nas praias que deixei.

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