2 de fevereiro de 2009

Clepsidras

Levaram os montículos dos amores profanos
e cada raiva antiga à curva de uma estrada
caminho dos corsários,
e beira-mar a beira-vento
com um farol repetido
na lámina das auroras
a olhar desde a parede daquele quarto
de luz mediterránea,
com um farol de sonhos nos dias da inocência
e o namoro a sacrificar refúgios de vida monacal
e ridículos romances românticos
antes dos sonhos e as impresenças.
E ficou nave de mentir,
lume em terra de raqueiro,
na Costa da Morte, na Praia nua de Lago,
em Norte e solidão,
quase na noite,
entre salmos e carícias falsas,
das que se compram em tempo de romaria
com as botas de vaqueiro na Soneira
e depois se deixa o amor já sem amar.

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