11 de junho de 2008

Em tempos

Num tempo há sorrisos francos
e a luz penetra cada instante de pele
e a ternura se faz de nós
corpo dos corpos
e comunga o amor com ténues redes
de sonho desbocado,
de alva pressentida sem pecado
e a paz é o dia eterno
no que resplandece
o olhar
e cruza o céu
o azul extenso e profundo
e nunca chove na tarde
e só chove na manhã, bem cedo,
para sentir mais próprio o leito
e a palavra se diz
doce de menta
sem que acabe o sabor ...
que nunca acabe
e deixe no paladar a liberdade
do seu cálido frescor
e ilhas possíveis
às que chega o redentor.

Num tempo penetram as nuvens
não sei que tempo,
não sei que nuvens
e a dor se encarna em verbo
e não para de chover
e os olhos são pequenos,
pequeninhos,
mas manam lágrimas de frio
suficientes para escurecer
os rios com águas imprevistas
e temor.

Lembra, minha menina triste,
nunca choveu que não escampasse
e trás cada arco-íris há um sol.

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