11 de fevereiro de 2008

O homem dos mais tenros regatos (para Alberto)


As vozes do silêncio
tinham ecos de espera
e sorrisos
no caminho cálido,
tecem
um tango longo
com sinfonia de fox-trot
e uma cantata
na borboleta solitária
dos estômagos;
na fervença do peito
te diziam
e eram nome as vozes
do silêncio;
o teu nome, era voz
de essência parda,
despida terra
da entranha mais sentida.

Escutei, em silêncio, as tuas vozes,
e dancei na sala de valsar
volteando o ritmo
das noites solitárias
em palavras
com som de violino
e odor estático de amores.

Queria voltar ao teu abraço
e sentir o teu tacto na pele,
ser corda da tua viola
como uma longa noite
de Janeiro.
Eram então velhos os tempos,
curto o dia,
e a lua prometia mais luz
que os cúmulos cinzentos,
então era o passado do presente
e a história mais formosa
construía
presente no passado
sempre ausente
e lento amor
nascia
entre os dedos
e deixava húmida
a essência
e voltava
e remontava
a cadência
e, sem ti,
se vivia
e, contigo, estranhava
os tempos sonhados
de um morimur continum
os tempos gozados
de um diem carpe longo,
a silueta prendida das aves
mais profundas
e o teu canto,
recanto,
de amores
como vidas.

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