26 de fevereiro de 2008

A Terra de Tir Nan Og I


A minha pátria é tenra e tem duas ribeiras
O oceano é uma nave interminável
que percorre o meu espírito cada tarde.
Uma nave de solidão e vento,
uma nave de esperanças velhas,
que florescem em cada onda
quando tendo jardins sobre das águas
visitando as praias da minha terra.
A minha pátria é uma ilha doce,
com uma cratera atlântica e eterna
que parte o coração em alvoradas
náufragas e ébrias de silêncio.
A terra dos meus pais é a minha pátria,
uma terra que olha a ocidente,
sou filha do sol e da aurora,
como cantou Pondal, um bardo antigo.
Terra de rios leves e infinitos,
de costas recortadas e de musgo,
de vides e carvalhos que, em Outono,
se perdem nas florestas frias.
Terra de chuvas, terra de castanhas,
terra de lenha no lar,


terra com sabor a caldo,
e odor a pasto, com o tacto
da rocha mãe sustentando o tempo.
A minha pátria é tenra e tem duas ribeiras,
porque outra praia guarda e a conheço,
pátria de amores, mátria intensa,
ocidente de luz, onde o sol se derrete
até tornar-se ouro do ouro de remotas eras
quando o verde se talhava em esmeraldas
e as montanhas medravam para o céu.
A terra do Madalena, um rio ocre,
a terra de esplendores e lamentos,.
dos frutos que pintam de mil cores,
da cana e a palma. Terra das flores.
E tenho o coração de viajeira
para percorrer a pátria em cada ocaso,
e regressar ao dia quando é noite
e fazer a noite dia, quando é tempo
de repousar palavras, balança-las
no verde mais profundo desta terra.

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