23 de setembro de 2008

Terras longas

Foto: Iara

No tempo inicial contaram-nos histórias com final feliz,

contos residentes em castelos nos que a princesa

-sempre linda, sempre tenra- aguardava triste ao seu príncipe azul

e ele chegava, augurava paraísos e batalhas

e, sem lascívia, olhava um tempo de extinção carmim

no que até as mais rápidas perdizes ofereciam gostoso sacrifício

pela existência possível do impossível, do nunca jamais e para sempre,

por sempre, sempre, sempre, sempre jamais.


Acreditamos, medramos com a ideia de ser príncipes, princesas,

rematar no dia prévio e herdar palácios

e nunca perguntamos onde estavam agachados

o castelo e o príncipe da mãe e por que, algumas noites

se escutava um pranto ténue que provinha da câmara real.

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