12 de janeiro de 2008

ESPERANÇA DE MAR (II)


IX
Adentrei-me no mar.
As águas frias
moldarm o meu corpo
com seus beijos

-na praia já esperara
a tua nave,
a das velas azuis,
por muito tempo-

Adentrei-me no mar.
O mundo líquido
vivia e morria
nalgum verso.

Numa rota de sol
tomei o rumo
da esperança despida
sem regresso.

Adentrei-me no mar,
relógio antigo
do ciclo reinante
no seu templo.
O sal cosia escamas
entre as ondas,
a luz era palavra
do silêncio.

Adentrei-me no mar
e nadei longe
até o fim das palavras,
onde o alento
se torna
espírito do mundo
e as estrelas se perdem
entre os céus.

Ali cantava um eco
com teu nome
prendido na música
do vento.
A roseta do amor
o sinalava
e a tua nave surgia
do universo.

X

Sinto frio de mar,
frio de lua...
Veste-me de ti
e dá-me alento
porquê a saudade
é uma fria espada
que vive em cada instante
de silêncio.

Veste-me de sonhos
e de amores,
de alegria, de luz
e de verdade
Com um manto de fe
da-me o abrigo
da tua nave tenra
além do instante.

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